terça-feira, 10 de novembro de 2015

Arteira 2

                Colecionadora pobre se vira como pode.

                Como fazer para ter uma coleção pomposa e vistosa se no Brasil não temos mil modelos de alumínio como na Europa e no Oriente, e sem grana pra importar? Bom, a gente cria nossa própria coleção.

                Aprendi a técnica com a designer de interiores Karla Amadori e já tinha me aventurado em maior (relembre aqui). O fato é que tinta spray suja MUITO e me ataca a tendinite, então jurei a mim mesma que nunca mais faria isso outra vez embora tenha ficado muito frustrada que esqueci de fazer um desenho específico.

                E o meu nunca mais durou exatamente 6 meses. Entrei na loja de artesanato procurando outra coisa aleatória em e deparei com o spray “ouro”. Pela tampa, imaginei que pintaria a garrafinha e ela ficaria com cara de Oscar, mas de Coca-Cola – eu sempre quis ter um troféu de Coca-Cola!

                Mesmo dura, meti o cartão de crédito e foda-se. Fui pra casa com o spray ouro.

                Na véspera comecei a planejar os desenhos e pintar as garrafas com uma base branca – a mesma das garrafas de maio. Mas naquela noite me dei conta que não havia mais quase nada na lata de tinta preta.

                Não deu outra, pulei da cama cedo num sábado frio e chuvoso (sim, já era novembro, eu moro na serra gaúcha) e corri pra loja, onde não resisti e peguei um spray rosinha também.

                O fato é que foi um desastre.

                A tinta ouro era basicamente igual à dourada que eu já tinha, um pouco mais brilhosa, mas nem de longe se parecia com o que a tampa vendia (sim, to furiosa com isso até agora) e não quis pegar de jeito nenhum nas garrafas.

                O jeito foi o mesmo truque que usei da outra vez nas garrafas pretas que também não pegou: mistureba. E assim nasceram as garrafas ouro com vermelho e ouro com branco.




                Toda a minha ideia de brincar com o dourado fosco e o outro mega ultra hiper espelhado foi frustrada. Como eu já estava com todo um cenário montado na garagem, só tinha algumas horas pra fazer – antes do meu pai chegar de carro e antes que toda a luz do dia fosse embora – e estava batendo queixo de bermuda, camiseta e pés descalços, eu precisei de um plano B urgente, e o rosa estava ali pra me salvar.

                Comecei com uma misturebinha fashion entre rosa e preto.



                Nesse meio tempo, eu já tinha deixado duas garrafas com o rótulo coberto pra não pintar, ia ser uma preta e uma ouro, mas né... a gente adapta.

Com direito à canudinho vermelho

                Daí parti pra ideia daquele desenho que não fiz da outra vez e me motivou a quebrar minha promessa de nunca mais pintar com spray, e de novo, o que era pra ser ouro espelhadão com dourado fosco, migrou pra rosa e preto.



                Pra finalizar, e a última grande surra, decorei duas garrafas com a base rosa, uma com corações e outra com tiras. Duas horas cortando corações com tesourinha de unhas e acho que rompi um nervo do dedão (to falando sério, tá com sensação de anestesia há 4 dias). Na hora de pintar, o problema: o preto não pegava sobre o rosa – o mesmo problema que me levou a fazer misturebas de cores, mas dessa vez isso não era uma opção. Insisti, foram camadas e mais camadas de preto, tinta preta pingando loucamente, mas venci.

                Venci em termos, as tiras não ficaram perfeitas e a fita que colei arrancou a camada brilhosa da tinta rosa, deixando as tiras e os corações ásperos e num rosa opaco, mas de longe nem dá pra notar, então tá valendo. Só realmente eu não poderia viver de artesanato!



                Enfim, tudo o que restou do spray será doado para as aulas de artes de uma escola carente da cidade. E essas são minhas últimas peças de garrafas feitas em casa!



                Se você já brincou com garrafas de Coca-Cola, manda pelo inbox da página do face!

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